O Projeto do Milênio foi especialmente constituído pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, em 2002, para desenvolver um plano de ação concreta para que o mundo reverta o quadro de pobreza, fome e doenças opressivas que afetam bilhões de pessoas. Liderado pelo Professor Jeffrey Sachs, o Projeto do Milênio é um órgão consultivo independente, que apresentará suas recomendações finais, “Um Plano Global para Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, para o Secretário-Geral, em Janeiro de 2005.
O Plano Global propõe soluções diretas para que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio sejam alcançados até 2015. O mundo já possui a tecnologia e o conhecimento para resolver a maioria dos problemas enfrentados pelos países pobres. Até então, no entanto, tais soluções não foram implementadas na escala necessária. O Plano Global do Projeto do Milênio apresenta recomendações para que isso seja feito tanto em países pobres quanto em países ricos.
O Projeto tem trabalhado com países em desenvolvimento, ajudando a identificar: quantas mães necessitam de acesso a clínicas médicas, quantas crianças necessitam de imunização, quantos professores devem existir em cada distrito, quantas bombas de água devem ser instaladas, entre outros, para que cada país entre nos eixos para 2015. Apoiado por exemplos testados e comprovados acerca do que já funciona no combate às muitas faces da pobreza, o Plano Global recomendará meios concretos para o avanço dos ODM no mundo em desenvolvimento e esboçará como os compromissos de ajuda dos países doadores podem auxiliar no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
Fonte: http://www.objectivo2015.org/
Reduzir para metade a pobreza extrema e a fome
A pobreza extrema e a fome crónica tornam o desenvolvimento muito mais difícil. A pobreza conduz à subnutrição e à doença, o que reduz o rendimento e a produtividade económica. Estes, por sua vez, exacerbam a pobreza e a fome pois as pessoas não têm acesso a alimentação, cuidados de saúde e habitação adequados, nem investem na educação dos filhos ou na sua própria iniciativa económica.Esta “armadilha da pobreza” também causa impacto nas perspectivas de desenvolvimento macroeconómico: sem actividade económica e uma base tributária, o governo não pode investir na sua população e os investidores estrangeiros receiam quaisquer compromissos financeiros.
1.2 mil milhões de pessoas por todo o mundo vivem com menos de 1.25 dólar por dia (pobreza extrema). As pessoas extremamente pobres sofrem de fome e subnutrição e não têm possibilidade de aquisição de medicamentos essenciais ou de acesso a água potável e saneamento básico. Residem em casas pouco seguras, não têm tempo nem dinheiro para a educação e vivem política e socialmente excluídas das suas sociedades.
Situação actual
A pobreza extrema desceu de 29% para 18%, entre 2000 e 2007. O Objectivo de reduzir para metade o número de pessoas que vive com menos de um dólar por dia, até 2015, permanece alcançável. Tal conquista dever-se-á ao crescimento económico que se verifica na maioria do continente asiático. Em contraste, as últimas estatísticas demonstram que muito pouco progresso foi feito na redução da pobreza extrema na África Subsariana.Estima-se que o aumento do preço dos alimentos leve mais 100 milhões de pessoas a cair na pobreza extrema, sendo as regiões mais afectadas a África Subsariana e o Sul da Ásia, actualmente as regiões onde se verifica o maior número de pessoas a viver em pobreza extrema.A pobreza extrema está indissociavelmente ligada à fome crónica: 850 milhões de pessoas no mundo carecem de uma alimentação suficiente para satisfazer as suas necessidades calóricas básicas. A fome crónica conduz à subnutrição, a carência de vitaminas e minerais, a incapacidade física e mental, à fraqueza e à inanição. Acaba por tornar as pessoas vulneráveis à doença e agrava doenças às quais deveriam poder sobreviver.
A proporção de crianças subnutridas com menos de 5 anos de idade diminuiu de 33% em 1990 para 26% em 2006. Contudo, neste ano, o número de crianças com peso abaixo do normal excedeu os 140 milhões. Na medida em que a subnutrição infantil é representativa da fome da população como um todo, o progresso alcançado não é suficiente para atingir a meta deste ODM até 2015. Pior: a situação global será agravada pelo aumento do preço dos alimentos.
O que falta fazer
Tanto os países desenvolvidos como os países em desenvolvimento devem tomar medidas decisivas para erradicar a pobreza e a fome crónicas. A Conferência de Alto Nível sobre a Segurança Alimentar Mundial, que decorreu em Roma, em Junho de 2008, identificou um número concreto de passos a dar para mitigar a fome. O mais urgente consiste no aumento da ajuda alimentar e na assistência à população pobre com o intuito dos mesmos obterem o máximo rendimento das próximas colheitas sazonais. Os países pobres têm de reestruturar as suas políticas públicas e canalizar recursos para responder à pobreza e à fome das suas populações, especialmente os marginalizados e os mais pobres, incluindo as populações indígenas, as mulheres e os doentes. Os gastos com os pobres em áreas como a saúde, a educação e a formação profissional têm de aumentar. Algumas medidas essenciais:- promover os programas de distribuição de refeições escolares;
- velar por que haja suficientes redes de segurança social para minimizar o impacto do abrandamento da economia mundial e da subida dos preços da energia e dos produtos alimentares nos pobres;
- ajudar os países em desenvolvimento, sobretudo na África Subsariana, a melhorar a agricultura de subsistência, a fim de aumentar de uma forma sustentável a produtividade a longo prazo e de dispor de uma base económica mais diversificada;
- promover um acesso equitativo aos recursos económicos e a oportunidades de emprego digno, sobretudo por parte dos grupos desfavorecidos como as mulheres e os jovens.
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